Os dados sobre uma cidade são instrumentos estratégicos para o desenvolvimento de políticas sociais que atendam às demandas de sua população. O problema é que esses dados são pouco transparentes – mesmo que estejam disponíveis, sua leitura não é fácil para não especialistas – e, além disso, muitas vezes deixam de fora pontos cruciais especialmente para os moradores das periferias. Existe ainda um outro ponto: os dados produzem narrativas, criam um imaginário sobre a cidade e as pessoas que vivem nela. Por isso é importante disputar o acesso e a produção de dados no Brasil como uma missão política, estética e cidadã. Esse é o mote do data_labe, um laboratório formado por jovens oriundos de periferias, baseado no Complexo da Maré, na cidade do Rio de Janeiro.

​Reunir o conhecimento acadêmico sobre a favela com o conhecimento gerado nas favelas, em uma plataforma aberta e colaborativa, tendo como compromisso a expansão da cidadania e do direito à cidade. Esta é, em síntese, a proposta do Dicionário de Favelas Marielle Franco, uma iniciativa que reúne instituições acadêmicas, como Fiocruz, Uerj e IPPUR/UFRJ, ao lado de centros de pesquisa liderados por moradores dessas comunidades, como o Grupo Eco, da favela Santa Marta, Grupo Eco, o CPDOC do Grupo Raízes em Movimento, do Morro do Alemão, o Centro de Estudos e Ações Culturais e de Cidadania – CEACC, da Cidade de Deus.

Imagine uma plataforma digital de hospedagem que, ao contrário do Airbnb, traga um impacto positivo para as cidades e seus moradores. Mais do que isso, que seus lucros sejam reinvestidos em projetos sociais voltados às regiões que recebem os turistas. Parece um sonho, mas já está se tornando realidade: essa é a proposta da Fairbnb, que se define como uma solução inteligente e justa para um turismo voltado à comunidade.

Bem diferente da chamada economia do compartilhamento, que na verdade é uma nova forma de extrair valor do trabalho como faz o Uber com seus motoristas "parceiros", a economia do comum é baseada na cooperação e na solidariedade. Este foi o tema da palestra de Michel Bauwens no ColaborAmerica 2018, que agora está disponível no Youtube:

O futuro altamente tecnológico pode assustar, se enxergamos a tecnologia como uma caixa-preta que só especialistas são capazes de desenvolver. Mas, se pudermos abrir essas ferramentas, compreender como funcionam e recriá-las a nosso modo, em colaboração com outros que pensam como nós, a coisa muda: poderemos inventar um futuro que atenda melhor ao que nós, como cidadãos criativos e conscientes, almejamos.

Com a Resolução 4958/2018, assinada em 17 de agosto, o governo argentino reconhece e regulamenta as redes comunitárias naquele país, a fim de estimular sua expansão em áreas rurais e remotas ou em setores socialmente vulneráveis. No entanto, ao mesmo tempo em que oferece incentivo, como a isenção da cobrança da taxa regular de serviço de acesso à Internet, traz restrições problemáticas para o florescimento dessas redes.

Isso que seguimos chamando “economia colaborativa” se diversificou tanto que hoje custa pensá-la como um só movimento. Enquanto o capitalismo de plataforma cria novas formas de exploração “sem patrão”, crescem as ferramentas que ajudam a se organizar e redescobrir o valor do associativismo. E tudo isso ocorre simultaneamente, às vezes até pelos mesmos canais. Como aproveitar as tecnologias a nosso favor, usar os dados de maneira ética e potencializar a inteligência coletiva para o bem?

Para muitas pessoas a Gig Economy significa flexibilidade e autonomia, para outras precarização e insegurança. Avanço ou retrocesso, o fato é que a Economia dos Bicos, caracterizada pela oferta de serviços através de plataformas digitais, não para de crescer. Diariamente uma multidão de pessoas participa de uma grande disputa digital pelo próximo trabalho informal. Por outro lado, muitas são as pessoas que tem tentado mostrar que a autonomia traz ainda mais força quando vem acompanhada de interdependência. Coletivos como Enspiral e Coliga, que decidiram compartilhar suas redes e recursos em benefício do grupo são bons exemplos disso. 

Não só espaços para a exploração criativa da tecnologia, mas também espaços de convivência, de estar junto para trocar ideias, e até mesmo, em alguns casos, buscar formas de intervir na realidade local. Assim podem ser definidos os hackerspaces brasileiros pelo quadro levantado em pesquisa recente que realizei junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, vinculado ao IBICT e à UFRJ.

Já imaginou uma tecnologia que pudesse garantir a confiabilidade a todo tipo de transação sem precisar da intermediação de terceiros? Empréstimos sem a necessidade de bancos, contratos sem a mediação de cartórios, registro de identidade sem o controle de governos ou corporações, e até mesmo recursos financeiros sem um banco central regulando sua circulação? Pois essa tecnologia já existe e começa a ser explorada nas mais diversas áreas em todo o mundo: o blockchain.

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