Em Rede

Reflexões sobre temas da cultura digital


PeerTube – a plataforma de vídeo livre

Por Bia Martins

Aqui no Em Rede já escrevemos sobre várias tecnologias livres que são alternativas às plataformas corporativas. Desta vez, vamos abordar o PeerTube, uma plataforma livre para vídeos, descentralizada e gratuita, que tem cerca de 60 mil usuários e 400 mil vídeos publicados que já foram vistos mais de 15 milhões de vezes.

Desenvolvido em software livre pela Framasoft, uma organização francesa sem fins lucrativos voltada à educação e tecnologia digital, o PeerTube propaga outros valores: não está submetido a nenhum monopólio corporativo, não depende de publicidade e não rastreia você. Seu objetivo não é se tornar mais uma grande plataforma de vídeos, mas sim ser uma rede de pequenos provedores interconectados. Com alguma habilidade técnica, qualquer pessoa pode hospedar um servidor, chamado de instância, e administrá-lo de forma independente.

Antes de continuar, não custa lembrar de alguns problemas do Youtube. Além de monitorar todo seu comportamento – o que assiste, por quanto tempo etc – opera em um modelo de recomendações por algoritmo, com o objetivo de fazer com que você fique o maior tempo possível conectado, para que veja a mais anúncios e monetize mais a plataforma. Para isso, vai selecionando outros vídeos para você ver em seguida, geralmente os mais vistos e muitas vezes os mais apelativos. Essas recomendações têm dado grande visibilidade a fake news, pautas polêmicas e teorias conspiratórias. Não à toa, o Youtube se tornou um celeiro da nova direita radical, como relata a matéria de The Intercept Brasil.

Ao subir seu vídeo na plataforma livre, você pode ter certeza de que não será vítima de nenhum mecanismo tipo ContentID, conhecido como o robô dos direitos autorais, que retira automaticamente os conteúdos do ar, muitas vezes violando direitos fundamentais, como o direito à liberdade de expressão e o direito de acesso à cultura e ao conhecimento.

O PeerTube usa a licença livre GNU-AGPL que garante não só o respeito à privacidade do usuário, mas também permite que sejam feitos aperfeiçoamentos por contribuidores. O aplicativo, sempre que necessário, pode usar o protocolo peer-to-peer para transmitir vídeos que se tornam virais, a fim de reduzir a carga de seus servidores.

Nós, que estamos na trincheira por uma Internet Livre, sempre nos queixamos de que para atingir ao grande público é necessário estar presente nas plataformas corporativas. De fato, isso tem um lado de verdade, mas, por outro, só com a gente ocupando essas plataformas livres alternativas é que podemos fortalecê-las e ajudar a torná-las mais populares. Então, vamos lá: conheça e divulgue o PeerTube!



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